quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Colher o que a terra dá...


A minha tia/mãe: O meu GRANDE, GRANDE exemplo de simplicidade...


O sol acabou de nascer, embora o céu ainda esteja pouco iluminado. Os animais já deixam soar o início de um novo dia. As suas mãos calejadas pelo trabalho duro e marcadas pelo sol, compõem os seus cabelos brancos. Está na hora de partir para o montado, os animais têm que ser alimentados e tratados. È preciso ajudar a parir e há um horizonte a contemplar. A nostalgia no olhar deixa perceber que a vida não tem sido fácil! Esta é a descrição que faço de alguém bem real. A minha tia/mãe que representa em absoluto o meu maior exemplo de aceitação e simplicidade. Viu partir prematuramente, uma cunhada/irmã, um cunhado/irmão, a mãe, o marido e a sua irmã mais nova (minha mãe) e contudo conduz diariamente a sua vida com a capacidade de aceitar que há que acordar sempre para um novo dia, bebendo a energia que só é possível ir colher às coisas simples. Quando nos tem por perto o seu rosto ilumina-se e começa a fazer mil planos para cozinhar todos os nossos pratos preferidos, preparados com os alimentos que semeou, colheu e preparou com toda a boa energia do seu amor. É raro vê-la a desejar mais roupas, jóias ou um carro novo, na verdade raramente faz qualquer compra. Há muito que aprendeu que o sentido da sua vida não provém do “ter”, mas sim do “ser”. “Ser” amado, amar e sobretudo ser grato por cada novo pôr-do-sol a que assiste, na esperança de um dia…talvez…se reencontrar com todos os entes queridos que viu partir.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Mesa de Cabeceira


Directamente da biblioteca para a mesa de cabeceira:

Apesar do prazer que dá a construção de uma biblioteca com os livros de que mais gostamos, a verdade é que sem nos darmos conta lá estamos nós a acumular objectos de forma desenfreada. É quase certo que não conseguiremos ler todos os livros que temos em casa no nosso tempo de vida, seja ele qual fôr. Além disso é preciso dispôr do vil metal, mais uma vez. Mas, há uma solução....as bibliotecas: um mundo infinito ao alcance de todos! Estes 3 já passaram lá por casa e já vão de volta. No final, só fica o que interessa: o que lemos e que fica para sempre connosco.

A CAUDA DO DRAGÃO

Hoje, aconteceu! Despedi-me mais um bocadinho do que está para trás. Olhei para o touro enfurecido que há muito me fitava e tive coragem de ver toda a sua raiva a esconder todo o amor que não sabe mostrar, ou sentir! Que pobre é o pobre de amor! Do amor que não chegou? Que não deixou que chegasse? Que triste! A alma ferida tem que sangrar!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Aceitação e Simplicidade!

A doença seja ela física ou mental, afectando-nos a nós ou a alguém próximo, pode ser uma importante oportunidade de aprendizagem, já tem sido dito. Na minha caminhada pela vida essa oportunidade surgiu como um convite á permanente reflexão e síntese do que é essencial. Por isso tenho tentado trazer na minha “bagagem”: Aceitação e Simplicidade!
Assim, tento ter sempre presente que apesar da nossa natural tendência para agir sobre a realidade, querendo transformá-la naquilo que nos parece ser o melhor, por vezes é necessário ter a lucidez de perceber que nada há para transformar e que só nos “curamos” a partir do momento em que aceitamos a nossa condição. Não falo contudo de conformismo, ou de apatia quando falo de aceitação, mas sim de uma rendição apenas perante aquilo que nos ultrapassa verdadeiramente. Falo da capacidade de perceber quando estamos a lutar contra moinhos de vento e experimentar a partir daí uma imensa liberdade e tranquilidade, que nos deixa energia para travar as lutas que verdadeiramente importam. E perceber o que nos importa leva-nos a viver com simplicidade, assim como acontece quando deitamos fora os objectos que descobrimos que afinal não nos fazem falta nenhuma, apesar de os guardarmos uma vida inteira ou quando percebemos que mesmo quando dizemos adeus a alguém querido nunca há uma verdadeira despedida. Viver com simplicidade é dispormo-nos a “limpar” constantemente a nossa casa, a nossa mente, a nossa alma de tudo quanto é redundante. É dispormo-nos a perguntar constantemente o que nos faz, verdadeiramente, falta. Tenho descoberto com alegria que é muito pouco o que precisamos de trazer na “bagagem”, quando caminhamos pela vida.